Crises e devaneios de uma pessoa com acúmulo de funções....

Thursday, August 30, 2007

Semiologia

Na aula de semiologia (outro dia eu explico o que é semiologia), a professora lança a música e pede para que os alunos escolham um verso da letra para apresentar com uma imagem.

Tentem imaginar o que escolhi. (Dou um prêmio pra quem acertar!)

Cultura
por Arnaldo Antunes

o girino é o peixinho do sapo
o silêncio é o começo do papo
o bigode é a antena do gato
o cavalo é pasto do carrapato

o cabrito é o cordeiro da cabra
o pescoço é a barriga da cobra
o leitão é um porquinho mais novo
a galinha é um pouquinho do ovo

o desejo é o começo do corpo
engordar é a tarefa do porco
a cegonha é a girafa do ganso
o cachorro é um lobo mais manso

o escuro é a metade da zebra
as raízes são as veias da seiva
o camelo é um cavalo sem sede
tartaruga por dentro é parede

o potrinho é o bezerro da égua
a batalha é o começo da trégua
papagaio é um dragão miniatura
bactérias num meio é cultura


*amo*

Sunday, August 26, 2007

Pane no sistema

Eu tenho um problema. (Reza a lenda que o primeiro passo é admitir isso, certo?) Então... eu tenho um problema que hoje - especialmente - me deixou MUITO mal.

Sempre que surge algum problema nas minhas relações com as pessoas importantes da minha vida, faço de tudo para não criar caso. Pra que ficar fazendo barulho a toa?
A questão é que quando você nunca faz barulho por nada, as pessoas imediatamente assumem que você é mais um otário, e que não importa o que elas fazem. "Ela é otária! Não vai ter problema, né?"
Mas ai surge o diferencial de hoje: cansei de ser otária! Não posso mais ficar quieta enquanto as pessoas que estão do meu lado (meus amigos, irmãos, ora!) estão me magoando. Não importa o quanto eu fique mal de criar caso. Só eu sei o quanto chorei hoje, mas eu preciso (ou precisava) reagir...
Tô mal, me sentindo estranha como há muito não me sentia.

(Que isso não seja uma prévia do ano que se iniciou em minha vida....)

Pois bem: se você me ligou e eu não atendi, acredite: você fez merda!

Thursday, August 23, 2007

MEEEEEU aniversário!

A única coisa boa de ficar mais velha é que além de ganhar experiência (pois é o que todos dizem), nós ganhamos o direito de ver vários amigos queridos que nunca dá tempo de ver. Isso é muito legal!

Thursday, August 16, 2007

Funções sociais

Mais uma conversa de amigas - todo mundo sabe que a mulherada adoooora conversar....
Falávamos sobre as situações "camofísticas", comentando os casos do momento. Cada uma com sua história ou com sua falta de história, a falar, falar, falar.
Eis que uma das camofas surge com a pérola:

"Ex é o fim! Porque tudo nessa vida tem função social. Quando é chato pra encarar então... Olha, mãe tem função social, pai, irmão, prima, primo, chefe, colega de trabalho, TUDO! Mas ex namorado não! Já não é namorado, muitas vezes também não é amigo, não serve pra trepar... Não serve para nada!"

Entre muitas gargalhadas, todas concordamos. Ora, como pode uma coisa dessas!

Temos que achar uma função social para essas figuras, pôr o povo para trabalhar, para ajudar, alguma coisa. Tem que servir nem que seja para ser motorista, psicólogo, homem objeto, porque se até os michês tem uma função social eles também tem que ter!
Deixo aqui o pedido: arrumem funções sociais pros falecidos, minha gente! Ai ai ai...


*Camofas é uma expressão usada por algumas amigas minhas para falar de mulheres bem resolvidas, descoladas, essas coisas boas. Existem vários outros neologismos a partir do termo, como camofisticos, camofos (nossos bofes, ora!) e muitos outros.

Monday, August 13, 2007

Fazer o quê?

Ando num momento profissionalmente estranho: não consigo me imaginar em outras carreiras, gosto do que eu faço (meu trabalho me dá um retorno emocional positivo - somente por parte dos meus alunos), mas simplesmente não consigo mais aturar o estado em que a educação - e a falta de educação - chegou.
Trabalhando que nem uma condenada, aguentando grosserias, perseguições e falta de salário (ah, amigos, sei que vocês que me acompanham no último ano já estão com os bagos arrastando no chão de tanto que me ouvem falar nisso!), com mais ou menos 100 provas para corrigir por semana, fazendo hora extra sem saber se vou receber... AFF!

Tem horas que eu até consigo achar engraçado, porque é realmente muito esdrúxulo. Eu acharia graça o tempo todo, se não fossem as porras dos cobradores me lembrando das contas a pagar, sabe? Porque é engraçado! Ou melhor, seria - se fosse com outra pessoa!
Olha, eu não escolhi minha profissão a toa, sabe? Foi uma escolha consciente, eu imaginava o perrengue que era estar em sala de aula (não fazia idéia de que o perrengue maior é estar com as mães das crianças), eu sabia que ia ganhar mal e tudo. Mas eu não consigo imaginar uma maneira mais eficaz e pacífica de marcar minha passagem, de fazer alguma diferença nesse mundo. Eu tenho contato com um grupo de crianças privilegiadas - não por serem meus alunos. Mas por estarem em um espaço que os influencia a crescer como seres humanos pensantes, conscientes, racionais e emocionais. Porque é possível ser tudo isso junto! Talvez também sejam privilegiados por terem contato comigo (porque não posso negar que me acho uma ótima profissional): quando uma criança de 8 anos pensou em ler Mafalda e ouvir Led Zeppelin na escola? Quantas as crianças de 8 anos que conhecem Rolling Stones porque a professora achou que seria interessante mostrar um pouco mais de música? Quantos são os que sabem quem foram os Beatles*, o que eles significaram mundialmente? Que tem a possibilidade de ouvir sobre Van Gogh e Andy Warhol, tudo dentro de uma sala "tradicional"?
Eu sou igual a eles. Não na idade, ou na maturidade. Mas eu tenho a mesma sede de mundo, quero chão, quero conhecimento... e quero que eles me ensinem! Sabe aquela coisa de se alegrar com o sorriso do outro? (Ouve um tempo que eu falava para um cidadão que seu sorriso me dava vontade de chorar, de tão feliz que eu ficava... CARALHO! Eu tenho mais de 21 sorrisos assim todos os dias!)
Realmente acredito no que faço, sabe? E acho que se for para ganhar mixaria, ganhar piso, salário mínimo e o que for para ser, eu vou ganhar. MAS NÃO VAI SER EM ESCOLA DE MADAME! Eu vou ganhar salário mínimo sendo feliz, na comunidade, no morro. Porque lá eu posso não ser recompensada financeiramente, posso não ganhar presentes bonitos, mas vou crescer mais ainda com meus alunos, e vou ser um diferencial.

Não sei porque estou falando isso tudo aqui. Acho que quando eu penso em "crise profissional" eu preciso ser advogada do meu trabalho, para que consiga me justificar em insistir nessa carreira. Porque ainda há muito chão pela frente. Eu ainda irei me orgulhar de ser "subversiva" e apresentar muito rock´n´roll para a molecada, se eu achar que eles pedem por isso. Ainda irei usar muita Mafalda para incentivar o gosto pela leitura, e usar mais ainda a arte - minha paixão - para mostrar que existem várias maneiras de falarmos o que queremos e mostrarmos o que sentimos....
Sou nova demais para esse tipo de crise, sabe? Mas acho que precisamos repensar nosso caminho o tempo todo, para que não tenhamos que olhar para trás com arrependimento por termos escolhido caminho errados.... Eu hoje digo:
Apesar de salários atrasados, apesar de contas vencidas, apesar de cansada e cheia de provas para corrigir, apesar de ter que aturar mãe mala de perseguição comigo....

Meu trabalho vale a pena.

Talvez amanhã eu discorde disso e mude meu rumo. Mas eu não vou ter me arrependido de viver o que vivo hoje.....

"Quero ser lembrado como alguém que amou a Terra"
(Paulo Freire)

Sunday, August 12, 2007

Aquilo que a gente ouve.

Estávamos nós sentadas no boteco, num início de noite em Santa Tereza. Papo vai, papo vem, começamos a falar de música - que para mim é um dos melhores papos que há - e discutir algumas canções e artistas.
Antes desse papo, já há algum tempo eu andava pensando no efeito que as músicas (ou as formas de expressão artística) produzem na gente. Eu fico meio abobalhada de ver como algumas pessoas tem a habilidade de provocar diversos sentimentos com sua música.

E nesse caminho se seguiu meu papo com minhas amigas camofas. Eu disse que o "rei" desse tipo de música é o Arnaldo Antunes, e fomos citando váááários artistas e músicas até que o papo seguiu para o caminho onde quase todas as conversas tem seguido nos últimos tempos: tesão. E passamos a lembrar quais são as músicas que estimulam o desejo. Acabamos por encontrar uma figura em especial que foi coroada como a rainha da "fucking music": Rita Lee.
Contei a elas que sempre fui fã da Rita e que, desde que me lembro, "Doce vampiro" sempre mexeu com minha libido. Acho que foi a primeira música que realmente me fez derreter (ainda que internamente...). E acho que, apesar de existirem vários outros hits nesse "estilo" musical, acho que é a música mais sensual que eu conheço. (Apesar de existirem vozes que me matam.)

Eu tava aqui organizando o perfil do blog, e fiquei com a parte do "músicas preferidas" martelando. Foi isso que me fez falar esse monte de coisas sem sentido ai de cima: eu sempre falei que sou viciada em música.

Hoje, de repente, me dei conta de que talvez meu vício não seja exatamente a música, mas sim a experiência estética - as sensações - que elas me proporcionam. Mas como não é somente a música que me altera, acabo sendo viciada também em outras coisas que são estimuladoras dessas experiências estéticas. Meu interesse em arte, por exemplo. (Em arte erótica tb, para ser mais específica.) Eu sou viciada em coisas que mexam com meus sentimentos e sensações. Aquilo que é só "bonito" não necessariamente vai falar comigo. Tem que ser atraente, misterioso. Caravaggio! Olha que exemplo. É bonito, mas a beleza pela beleza é inssossa. É vazio, é oca! Mas Caravaggio não é só beleza: é drama, é força, é expressão. E isso que me encanta! (Quem quer um prato de comida? UM - artigo indefinido. Não importa a qualidade, é mais um prato de comida... Quem quer, que O prato. Quer A sensação...)

É impressionante como isso reflete em todos os aspectos da nossa vida. Em todos. Eu sou uma pessoa complexa demais - talvez esse seja um dos motivos. Eu cheguei a um ponto em que tudo que não me afeta os sentidos ou sentimentos não é interessante. Fico em crise com isso, mas não sei se posso querer viver uma vida inexpressiva.

[A minha grande sorte é que escolhi duas carreiras que me produzem uma série de experiências sensoriais e sentimentais - tanto positivas quanto negativas. ]

[Já escrevi mais do que devia. Nem sei mais do que eu queria falar objetivamente.... tsc, perdi o objetivo. Tudo por esse maldito prazer de escrever coisas desconexas.]

Queria fazer uma pergunta. Peço que quem ler isso aqui passe o blog adiante, só para que eu mate minha curiosidade:

Qual é a sua sex music? Qual música mexe com sua libido?

Já lancei a minha, Doce vampiro. Até digo a segunda, (tb da Tia Lee) Mania de você.

Digam ai...

Só pra informar...

Sabe, eu tive blog durante muito tempo. Sempre adorei, aproveitava para limpar a mente das porcarias que eu penso, e que se eu não falar/escrever ficam apodrecendo a cuca.
Depois de um tempo, eu cansei da brincadeira. Criei um fotolog, um multiply e tenho sido feliz assim, escrevendo esporadicamente algumas baboseiras, colocando MUITAS fotos [porque é o que eu mais tenho] e colocando coisas interessantes que eu vi na rede.
Na verdade, eu não tenho a intenção de revitalizar esse espaço, porque eu tenho muita coisa para fazer nesse momento. Muita meeeeesmo. (Nesse segundo mesmo, eu tenho umas 100 provas esperando para serem corrigidas!) Mas me incomodou o fato de ver esse espaço - que deveria falar do que sou, do que penso - com idéias que não são mais as minhas.

De repente eu começo a falar umas merdinhas por aqui também, vamos ver se esvaziando a cabeça sobra tempo para produzir mais, para fazer minhas esculturas, trabalhos da faculdade, resolver monografia, essas coisas de gente grande - que eu particularmente acho um saco!

É isso então. De vez em quando vou passar por aqui!
Inté!